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Os moradores lamentam que a internet não tenha sido instalada na praça, que ofereceria mais conforto e segurança aos usuários e atenderia às instituições e mercado na área. “Foi com uma certa tristeza que a gente recebeu essa notícia de que a escola não seria beneficiada com a internet”, conta o guia de turismo Marcelo Nascimento. Nas esquinas da rua Bertoldo Costa, não há bancos e a iluminação não é adequada, fazendo com que a comunidade tenha que acessar a internet em pé ou sentada no chão, e na total penumbra, à noite. 

Enquanto o problema não é resolvido, a escola continua sem ter acesso à internet e o laboratório de informática fica praticamente inutilizado, privando os alunos de aproveitar as potencialidades do mundo digital para o seu ensino. Acesso livre há poucos metros de um lado, privação de outro.   

A internet chegou, sim, mas ainda está longe de ser tudo aquilo que os moradores precisam.

A realidade da conexão digital em Algodoal não difere muito do restante do Pará, apesar dos esforços do governo do Estado com programas como o NavegaPará.

As mudanças que a internet provoca não se limitam somente às comunicações, mas também tem implicações econômicas, políticas e sociais, com possibilidade de aumentar a participação cidadã.

Incluir todos os paraenses no mundo digital é um desafio a ser enfrentado nos próximos anos.

O empresário Bergo Ferreira foi um dos responsáveis por fazer a articulação com o governo do Estado para trazer o NavegaPará para Algodoal e conta que foi longa a negociação com a Prodepa (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará), instituição que coordena o NavegaPará.

A internet do NavegaPará deveria ser instalada em uma praça no centro de Algodoal, onde fica localizada a  escola Municipal Maria de Lourdes Ferreira, única da vila, e a delegacia de Polícia Civil. No entanto, por limitações técnicas, teve que ser transferida para a rua Bertoldo Costa. A justificativa foi que o roteador de wi-fi não conseguia “enxergar” a antena de rádio de Marudá, cujo sinal é usado para transmitir dados da internet à ilha de Algodoal.

Como muitas vias em Algodoal, a rua Estrela do Sol termina em um área de mangue. A movimentação é pequena, mas nem sempre foi assim. Os pedestres mais atentos conseguem notar que uma das casas tem uma inscrição acima da porta onde se lê “Internet”. O local, onde funcionava a primeira lan house da vila, está fechado atualmente, mas continua sendo um marco da história da internet em Algodoal.

O empreendimento pertencia ao empresário Eraldo Melo, que chegou a oferecer um curso de informática aos moradores, em meados de 2009.

A iniciativa serviu para compensar a falta de infraestrutura e de políticas de inclusão digital à época. Embora já se pudesse acessar a internet usando o sinal de uma antena telefônica instalada na vila, somente algumas pessoas podiam custear o serviço de banda larga. Durante algum tempo, a lan house de Melo foi uma das principais formas de acesso e popularização da internet em Algodoal, até que, em 2012, a vila foi contemplada com o sinal do NavegaPará.

Eraldo Melo - Cybercafé
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Bergo sofreu acusações de ter influenciado na escolha do local onde o wifi seria instalado. O empresário é dono de uma pousada na rua Bertoldo Costa, mas afirma que não teve nenhum tipo de favorecimento. “Se você tentar acessar aqui [de dentro da pousada], você não consegue, o sinal não abrange muito”.

O professor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações da Universidade Federal do Pará (UFPA), Renato Francês, um dos idealizadores do NavegaPará e ex-presidente da Prodepa (2007-2010), explica que as limitações no alcance do sinal são possíveis, mas também pode se pensar em soluções.

Mesmo embaixo de chuva, usuários vão a rua Bertoldo Costa para acessar à internet disponibilizada pela antena no alto da torre.

Foto: Thaís Amorim

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